sábado, 19 de junho de 2010

José Saramago



A José Saramago, protagonista de várias polêmicas, meu aplauso por sua existência e suas palavras eternas.

Como disse Luiz Schwarcz, editor de José Saramago no Brasil.

"Nem sua vida nem sua morte cabem numa frase"

Evoé, José Saramago !!!



(
na foto, José Saramago pelas lentes do fotógrafo Sebastião Salgado)

34 comentários:

  1. Mas Saramago tem frases que cabem na gente.

    Como esta...

    "Se tens um coração de ferro bom proveito.
    O meu fizeram-no de carne e sangra todo dia."

    Hoje sangrou pela morte de Saramago, meu querido escritor !

    ResponderExcluir
  2. arvore, meu coração também

    "a globalização é um totalitarismo
    totalitarismo que não precisa nem de camisas verdes
    nem castanhas
    nem suásticas
    são os ricos que governam e os pobres vivem como podem"

    frase de josé saramago

    ResponderExcluir
  3. José Saramago fez de sua existência uma existência rica em palavras e idéias para nós.
    Estou triste por sua morte.
    Mas uma vida assim tão digna quanto a dele faz que homens como ele sejam eternos e isso me consola... não me deixa feliz, apenas menos triste...
    Adeus escritor querido.

    ResponderExcluir
  4. "Sempre chega a hora em que descobrimos que sabíamos muito mais do que antes julgávamos."
    José Saramago

    Vai-se o homem, ficam as obras...

    ResponderExcluir
  5. Esse cara merece muitos aplausos.

    Saramago em entrevista / julho de 2009
    "Creio que me fizeram todas as perguntas possíveis. Eu próprio, se fosse jornalista, não saberia o que perguntar-me."

    Só um cara ligado falaria assim.

    ResponderExcluir
  6. Saramago se foi e com ele seu novo livro que estava em fase de criação, mas o que ele deixou é suficiente para todos nós.

    Grande homem, grande pensador e inquietador dos dominadores.

    Minha homenagem a ele é minha fidelidade como o melhor escritor que Portugal já teve e não soube reconhecer.

    Frase de Saramago, em uma entrevista:

    "Deus, o diabo, o bom, o ruim, tudo está na nossa cabeça, não no céu ou no inferno, que também inventamos. Não percebemos que, tendo inventado Deus, imediatamente nos escravizamos a ele."

    Abraços e obrigada pela oportunidade de aplaudir José Saramago !

    ResponderExcluir
  7. Marisa, Arlequins

    Valeu o espaço para prestar aqui minha homenagem a esse homem admirável.

    Saramago, descanse em paz !

    "Para mim, a Bíblia é um livro. Importante, sem dúvida, mas um livro." (José Saramago)

    ResponderExcluir
  8. SARAMAGO DESCANSARÁ COMO VIVEU... EM PAZ

    EMBORA NÃO GOSTE DESSE TERMO DESCANSAR, PARECE QUE VIVEMOS CANSADOS E SÓ TEREMOS DESCANSO NA MORTE...

    COISA ESTRANHA

    QUERO ESTAR POR MUITO TEMPO CANSADO ENTÃO

    APLAUSOS A ESSE ESCRITOR QUE VIVEU DESCANSADO

    BEIJÃO A TDS E A VC SARAMAGO QUE PARA MIM TEM VIDA ETERNA

    ResponderExcluir
  9. "Somos todos escritores. Só que uns escrevem, outros não." (José Saramago)

    Adeus meu escritor...

    ResponderExcluir
  10. Nesse momento, em frente à Câmara Municipal de Lisboa, onde José Saramago está sendo velado, uma fila de fãs está formada.

    Como era esperado, não há signos religiosos no velório. Sobre o peito, Saramago tem um cravo, flor símbolo da revolução de 25 de abril de 1974, que derrubou a ditadura de António Salazar.

    Saramago, sempre foi um militante, comprometido com as causas sociais, isso o fez o grande escritor.

    ResponderExcluir
  11. Não me peçam razões, que não as tenho,
    Ou darei quantas queiram: bem sabemos
    Que razões são palavras, todas nascem
    Da mansa hipocrisia que aprendemos.

    José de Sousa Saramago, a você minha gratidão...

    ResponderExcluir
  12. Uma das declarações de Saramago:

    "Estamos afundados na merda do mundo e não se pode ser otimista. O otimista, ou é estúpido, ou insensível ou milionário".

    ResponderExcluir
  13. Poema à boca fechada, de José Saramago


    Não direi:
    Que o silêncio me sufoca e amordaça.
    Calado estou, calado ficarei,
    Pois que a língua que falo é de outra raça.

    Palavras consumidas se acumulam,
    Se represam, cisterna de águas mortas,
    Ácidas mágoas em limos transformadas,
    Vaza de fundo em que há raízes tortas.

    Não direi:
    Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
    Palavras que não digam quanto sei
    Neste retiro em que me não conhecem.

    Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
    Nem só animais bóiam, mortos, medos,
    Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
    No negro poço de onde sobem dedos.

    Só direi,
    Crispadamente recolhido e mudo,
    Que quem se cala quando me calei
    Não poderá morrer sem dizer tudo.


    José Saramago, adeus poeta !!!

    ResponderExcluir
  14. Que foto linda a que vocês postaram aqui ... Tem tudo a ver, parece ele indo embora, nos deixando pra sempre ... Vai, poeta, vai em paz !!!

    ResponderExcluir
  15. "Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma maneira bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para
    poder comprová-lo, para congratularmo-nos ou para pedir perdão, aliás, há quem diga que é isto a imortalidade de que tanto se fala."
    José Saramago

    ResponderExcluir
  16. A morte de um grande homem traz tristeza, mas também nos traz a alegria da lembrança de que um dia ele nasceu.

    ResponderExcluir
  17. Que postagens lindas!

    Mais uma...

    Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais.
    (José Saramago)

    ResponderExcluir
  18. Na ilha por vezes habitada do que somos,
    há noites, manhãs e madrugadas
    em que não precisamos de morrer.
    Então sabemos tudo do que foi e será.

    O mundo aparece explicado definitivamente
    e entra em nós uma grande serenidade,
    e dizem-se as palavras que a significam.

    Levantamos um punhado de terra
    e apertamo-la nas mãos. Com doçura.
    Aí se contém toda a verdade suportável:
    o contorno, vontade e os limites.

    Podemos então dizer que somos livres,
    com a paz e o sorriso de quem se reconhece
    e viajou à roda do mundo infatigável,
    porque mordeu a alma até aos ossos dela.

    Libertemos devagar a terra
    onde acontecem milagres
    como a água, a pedra e a raiz.
    Cada um de nós é por enquanto a vida.
    Isso nos baste.


    (Na ilha por vezes habitada, de José Saramago)

    ResponderExcluir
  19. A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:

    “Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.

    ResponderExcluir
  20. Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo. "Saramago"

    ResponderExcluir
  21. A útima postagem de Saramago no seu Blog foi:

    “Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de reflexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma”.

    Este é o homem que se foi e deixou a cadeira de um admirável escritor português desocupada...

    ResponderExcluir
  22. “A morte é simplesmente a diferença entre o estar aqui e o já não estar."

    ResponderExcluir
  23. Fala do Velho do restelo ao Astronauta


    Aqui, na Terra, a fome continua,
    A miséria, o luto, e outra vez a fome.

    Acendemos cigarros em fogos de napalme
    E dizemos amor sem saber o que seja.
    Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
    E também da pobreza, e da fome outra vez.
    E pusemos em ti sei lá bem que desejo
    De mais alto que nós, e melhor e mais puro.

    No jornal, de olhos tensos, soletramos
    As vertigens do espaço e maravilhas:
    Oceanos salgados que circundam
    Ilhas mortas de sede, onde não chove.

    Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
    Onde come, brincando, só a fome,
    Só a fome, astronauta, só a fome,
    E são brinquedos as bombas de napalme.


    (José de Sousa Saramago, Os Poemas Possíveis, 1981)

    ResponderExcluir
  24. Trecho do livro "O Ano de 1993", de José Saramago

    ... O interrogatório do homem que saiu de casa
    depois da hora de recolher começou há quinze dias e ainda não acabou

    Os inquiridores fazem uma pergunta
    em cada sessenta minutos vinte quatro por dia
    e exigem cinqüenta e nove respostas diferentes
    para cada uma

    É um método novo

    Acreditam que é impossível não estar a resposta verdadeira
    entre as cinqüenta e nove que foram dadas

    E contam com a perspicácia do ordenador para descobrir
    qual delas seja e a sua ligação com as outras

    Há quinze dias que o homem não dorme
    nem dormirá enquanto o ordenador não disser
    não preciso de mais ou o médico não preciso de tanto

    Caso em que terá o seu definitivo sono

    O homem que saiu de casa depois da hora de recolher
    não dirá por que saiu
    E os inquiridores não sabem que a verdade
    está na sexagésima resposta

    Entretanto a tortura continua até que o médico declare
    Não vale a pena ...

    ResponderExcluir
  25. POEMA PARA SARAMAGO (de Clóvis Campêlo)

    Quando chegares aos céus
    não mais terás consciência
    para percebê-lo.
    Serás etéreo, vapor,
    nuvem passageira.
    No entanto, também serás
    a essência preservada
    da natureza,
    simples circunstância.
    O teu, era um sonho
    terreno, consistente,
    feito em rocha,
    não mais caberia
    nas nuvens.
    O que te alimentava
    era o desvendar
    e a recriação constante
    do código dos homens.
    Nada era definitivo
    e a verdade escondia-se
    nas entrelinhas.
    Talvez tenhas sido
    o bobo da colina
    ou o último guardião
    das possibilidades negadas.
    Teu vulto frágil
    era assustador
    e o verbo, desde
    o princípio, recusava
    o sonho inútil
    e o tempo desperdiçado.

    (Clóvis Campêlo, Nascido no Recife azul dos poetas, no bairro da Boa Vista)

    ResponderExcluir
  26. Parte do discurso de José Saramago, 1998, perante a Real Academia Sueca:

    De como a Personagem Foi Mestre e o Autor Seu Aprendiz

    " ... Minha avó, já a pé antes do meu avô, punha-me na frente uma grande tigela de café com pedaços de pão e perguntava-me se tinha dormido bem. Se eu lhe contava algum mau sonho nascido das histórias do avô, ela sempre me tranquilizava: "Não faças caso, em sonhos não há firmeza". Pensava então que a minha avó, embora fosse também uma mulher muito sábia, não alcançava as alturas do meu avô, esse que era capaz de pôr o universo em movimento apenas com duas palavras. Foi só muitos anos depois, quando o meu avô já se tinha ido deste mundo e eu era um homem feito, que vim a compreender que a avó, afinal, também acreditava em sonhos.

    Outra coisa não poderia significar que, estando ela sentada, uma noite, à porta da sua casa, onde então vivia sozinha, a olhar as estrelas por cima da sua cabeça, tivesse dito estas palavras: "O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer". Não disse medo de morrer, disse pena de morrer, como se a vida de pesado e contínuo trabalho que tinha sido a sua estivesse, naquele momento quase final, a receber a graça de uma suprema e derradeira despedida, a consolação da beleza revelada ..."

    ResponderExcluir
  27. MOÇÂO DE PESAR PELA MORTE DE SARAMAGO

    A Academia Palmense de Letras associa-se ao profundo pesar, a enorme mágoa pelo falecimento do escritor José Saramago ¿ espressa as suas sentidas condolências à Pilar Del Rio, companheira das suas vicissitudes e sua família.
    A morte de um dos maiores expoentes da literatura portuguesa constitui uma perda irreparável para Portugal, para o espaço lusófono e para o mundo. Sua dimensão intelectual, artística, humana e cívica faz dele uma figura maior da nossa história. O nosso sentimento, também é de enorme gratidão por tudo que fez em prol da Democracia, Justiça Social, Direitos Humanos e, sobretudo, da Língua Portuguesa, nossa língua, que tornou-se mais bela com suas imortais obras. A nossa Academia rende assim o seu testemunho a um escritor que pela reputação mundial recebe milhares de merecidas homenagens e nós queremos acrescentar, neste doloroso momento do seu passamento, as nossas a todas aquelas que sua pátria e o mundo lhe consagram merecidamente. A nossa Academia está de luto...

    ResponderExcluir
  28. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  29. Saramago partiu
    milhares de fragmentos
    ele espalhou
    Vê-lo em pó
    tornou-me desesperançada
    Mas as estrelas
    também são pó
    Poetas fragmentam ideias
    Saramago então agora
    é uma estrela
    Esperanço-me novamente...

    ResponderExcluir
  30. A respeito da suposta morte das ideologias, Saramago afirmou, em uma entrevista ao programa “Entrelinhas”, da TV Cultura: “Nós como seres finitos não temos o direito de declarar a morte de alguém ou de alguma coisa”. Ser comunista é um estado de espírito, e na URSS eles não estavam com o espírito devidamente aparelhado.

    ResponderExcluir
  31. Palavras de Saramago são sempre inesquecíveis e atuais...

    Discurso perante os amigos, logo após receber o Nobel - (11 de Dezembro de 1998)

    Chega-se Mais Facilmente a Marte...

    Cumpriram-se hoje exactamente cinquenta anos sobre a assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Não têm faltado comemorações à efeméride. Sabendo-se, porém, como a atenção se cansa quando as circustâncias lhe pedem que se ocupe de assuntos sérios, não é arriscado prever que o interesse público por esta questão comece a diminuir já a partir de amanhã...

    Neste meio século não parece que os Governos tenham feito pelos direitos humanos tudo aquilo a que moralmente estavam obrigados. As injustiças multiplicam-se, as desigualdades agravam-se, a ignorância cresce, a miséria alastra. A mesma esquizofrénica humanidade capaz de enviar instrumentos a um planeta para estudar a composição das suas rochas, assiste indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome. Chega-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante...

    ResponderExcluir
  32. Waldemar, amigo querido, muito bem lembrado.

    Esse discurso sintetiza a mais pura essência de Saramago, sua luta pelo social, pelos direitos humanos, pela liberdade, pela igualdade...

    O discurso tem continuação... vou continuar, mesmo longo, não resisto, é íntegro, supremo, digno...

    "Alguém não anda a cumprir o seu dever. Não andam a cumpri-lo os Governos, porque não sabem, porque não podem, ou porque não querem. Ou porque não lho permitem aqueles que efectivamente governam o mundo, as empresas multinacionais e pluricontinentais cujo poder, absolutamente não democrático, reduziu a quase nada o que ainda restava do ideal da democracia. Mas também não estão a cumprir o seu dever os cidadãos que somos. Pensemos que nenhuns direitos humanos poderão subsistir sem a simetria dos deveres que lhes correspondem e que não é de esperar que os Governos façam nos próximos cinquenta anos o que não fizeram nestes que comemoramos. Tomemos então, nós, cidadãos comuns, a palavra. Com a mesma veemência com que reivindicamos direitos, reivindiquemos também o dever dos nossos deveres. Talvez o mundo possa tornar-se um pouco melhor."

    Viva Saramago !!!!!!!!!!

    ResponderExcluir