domingo, 19 de dezembro de 2010

Liberdade artística violada pela Vara de Família de São Paulo

Elaine César, perde guarda do filho por trabalhar no Teatro Oficina, classificado como “pornográfico”

Uma carta de José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, notável criador do Teatro Oficina e artista premiado nacionalmente e internacionalmente, denuncia que a diretora de vídeo do grupo, Elaine César, perdeu a guarda do filho, acusada de participar de um “teatro pornográfico”.

Uma fonte afirmou que o ato foi tão violento que ela foi parar na UTI, a poucos dias da estreia da peça, em São Paulo, "Dionisíacas 2010 Sampã" - festival que reúne quatro peças do Oficina, de sexta-feira (17) a segunda-feira (20).

“Casos violentos como este só se comparam à censura durante o regime militar e mostram que os juízes e os procedimentos das Varas de Infância são da idade média”, afirmou a fonte.

José Celso Martinez denuncia, em um dos trechos: “Porque um ex-marido ciumento, totalmente perturbado, teve acolhidos por autoridades da Vara da Família, para esta praticar uma ação absolutamente anti-democrática, para não dizer nazista, todos seus pedidos mais absurdos de ex-marido ególatra, doente, de arrancar o filho do convívio da mãe, acusando Elaine de trabalhar num “teatro pornográfico” e para lá levar o filho: o Teatro Oficina. Fez oficiais de justiça sequestrarem os HD’s deste Teatro, com um texto de uma obscenidade rara, para procurar cenas de pedofilia e práticas obscenas que Elaine e seu atual marido, o ator Fred Stefen, do Teatro Oficina, teriam cometido com o filho de Elaine, o menino Theo.”

Leia no link abaixo, dedicatória a Elaine, carta do autor e cartas de Zé Celso ao desembargador responsável pelo caso:

http://www.consciencia.net/agencia/mulher-perde-guarda-do-filho-por-trabalhar-no-teatro-oficina-classificado-como-pornografico/

12 comentários:

  1. Que isso! Parece que nada mudou por aqui. Bem como disse a tal fonte, coisa do tempo da ditadura. Dá um tempo! Fala-se tanto em prosperidade, mas diariamente nos confrontamos com atitudes tão velhacas e insanas que até parece mesmo que ... nada mudou por aqui. Essas coisas me deixam com uma raiva. Argh!

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  2. Raios me partam!
    Falar que o Teatro Oficina é pornográfico é o mesmo que dizer que no Brasil não existe impunidade, que a justiça é cumprida igualmente aos ricos e aos pobres, que preconceito racial/social é invenção, que não existe trabalho escravo, que existe igualdade entre gêneros, que vivemos na mais ampla liberdade de expressão...

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  3. Parabéns Grupo Arlequins pela iniciativa em postar matéria referente a outra companhia de teatro. Não vi sites de outros grupos de teatro citarem o caso da Elaine. Com isso vocês demonstram de fato a liberdade de expressão que sempre pregam em seus tópicos. Beijos!

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  4. Já foi postado neste blog o seguinte tópico que reflete bem o que aconteceu a Elaine.

    Relembrem:

    "A ditadura militar brasileira encontrou uma maneira insidiosa de se manter, de permanecer em nossa estrutura jurídica, nas práticas políticas, na violência cotidiana, em nossos traumas sociais. (...) Ao mesmo tempo que se nega seu alcance e se minimiza seu legado autoritário, a exceção brasileira indica as circunstâncias que permitiram certa continuidade da ditadura brasileira. O fato é que a ditadura não está somente lá onde o imaginário da memória coletiva parece tê-la colocado. Mais ainda: sua permanência não é mais simples presentificação daquilo que já foi, do passado de repressão, mas reaparece hoje nas práticas institucionais."

    (Aba do livro "O que resta da ditadura", orgs Edson Teles e Vladimir Safatle)

    Não foi, ou é, exatamente isso que aconteceu a Elaine e ao Teatro Oficina?

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  5. Vive-se tanto para reviver as mesmas coisas.
    Mais louco que o pai é a justiça que insiste em ser inconsistente. Ou tem jogo de interesses nessa história ou vivemos num mundo que nada vale a pena. Disse o poeta que tudo vale a pena se a alma não é pequena. E quando é pequeníssima o que vale?

    LU

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  6. “Dizem-nos que de nós emana o poder
    mas sempre o temos contra nós.
    Dizem-nos que é preciso defender nossos lares
    mas se nos rebelamos contra a opressão
    é sobre nós que marcham os soldados.
    E por temor eu me calo,
    por temor aceito a condição de falso democrata
    e rotulo meus gestos com a palavra liberdade,
    procurando, num só sorriso,
    esconder minha dor diante de meus superiores.
    Mas dentro de mim,
    com a potência de um milhão de vozes,
    o coração grita - MENTIRA!"
    (No Caminho com Maiakóvski, poema de Eduardo Alves da Costa)

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  7. É uma safadeza sem fim.
    Esse trecho do poema que a Ana Maria escreveu aí acima diz bem o que acho disso tudo que acontece e faço dele minhas palavras tambem, principalmente a frase "por temor rotulo meus gestos com a palavra liberdade... ".
    Alguns deveriam assumir suas condições de déspotas pois o que fizeram a esta artista é sem dúvidas uma atitude anti-democrática.

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  8. Corrigindo... Não apenas o que fizeram à artista, mas à ARTE. O que fizeram foi lançar um golpe duro que fez sangrar a arte, o teatro, a liberdade de expressão.

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  9. Pornografia é o que contém no cérebro de muita gente que vê maldade nos gestos mais simples, vê maldade porque são pessoas más, deformadas mentalmente, prisioneiras de valores retrógrados e invejam os que se sentem livres para pensar e agir.

    Leandra

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  10. Muito importante ficarmos atentos a isso que está acontecendo. Esse trecho da carta de José Celso, representa bem o que quero dizer:

    A revolução cultural da liberdade que uma grande parte dos seres humanos vem conquistando determina uma reação absolutamente inquisitorial, fascista, como é o caso dos homofóbicos da Av. Paulista e no caso, não do Estado Brasileiro, mas da própria Sociedade Reacionária incorformada, querendo novamente impor censura à Arte, aos costumes, e pior à vida dos que escolheram viver livremente o amor.
    E é incrível aqui, a liberdade de imprensa tão fervorosa em escândalos moralistas, se cala totalmente diante de um atentado a dois seres humanos, Elaine, a mãe, e Theo seu filho, e a um Teatro de 52 anos como o Oficina, e não toca no assunto, como se fosse o Partido Comunista Chinês, os Republicanos dos EEUU e os fundamentalistas islâmicos do Irã.

    Olhos bem abertos, amigos!

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  11. Por vezes tenho nojo de mim
    Então lavo-me cuidadosamente
    Seco-me com toalhas limpas
    Perfumo-me com frutas recém colhidas
    Só então retorno à rua
    e piso no chão
    que certas pessoas podres
    também pisaram

    Esse é meu manifesto à Vara de Família de São Paulo por sua atuação nesse caso Teatro Oficina, Espectadores, Arte, Cultura, Liberdade, Criação, Vida, Amor, Elaine e seu Filho.

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  12. Credo. Como podem tratar assim uma mãe. Que papelão dessa Vara de Família, né, que destrói relacionamentos, afasta mãe do filho, e ainda por cima tenta denegrir a imagem de um grupo de teatro. Ah, vá...
    Marcia, que poesia bonita. Você também é poeta?
    Beijos

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