sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Culturas nacionais: Anotações sobre a morte e o esquecimento

Troy Davis recusou a última refeição, recusou o tranquilizante. Mas falou. Disse a mesma coisa que repetiu dia a dia durante seus últimos 22 anos: “sou inocente”. De nada adiantou: a Suprema Corte dos EUA se negou a suspender a sentença de morte, apesar dos erros estridentes que coalharam todo o processo. Enquanto isso, no Brasil, era aprovada uma "Comissão da Verdade". Até a última hora, o governo foi obrigado a conceder e conceder. É como se em meu país, olhar de lado, não mexer no passado, ficar distante e dissimular fizesse parte da cultura nacional. Faz?

por Eric Nepomuceno.

Aconteceu nos Estados Unidos, em Jackson, capital da Geórgia, um estado sulista, por volta das sete da tarde, hora local, da quarta-feira, dia 21 deste mês. Aconteceu com Troy Davis, negro, 42 anos de idade.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Deputados aprovam Comissão da Verdade sem punição a torturador

por André Barrocal

A Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quarta-feira (21), projeto de lei proposto pelo governo, no ano passado, que cria uma Comissão da Verdade para investigar e trazer a público – mas sem aplicar punições – crimes contra os direitos humanos praticados entre 1946 e 1988. O projeto, que sofreu algumas modificações – todas sugeridas por partidos adversários do governo – foi remetido ao Senado, que também terá de apreciá-lo e votá-lo.

A votação seguiu roteiro traçado pelo governo no início do ano. Supondo que não conseguiria aprovar uma comissão diferente da que propôs - com poderes punitivos, por exemplo – em um Congresso sensível à pressão militar, o governo trabalhou para que a votação ocorresse quase sem debates e de forma acelerada. Seria uma forma de contornar resistências.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Artistas e intelectuais lançam manifesto em apoio à Comissão da Verdade

A Câmara dos Deputados deve votar amanhã, 21 de setembro, o projeto que cria a Comissão da Verdade, encarregada de trazer à público as violações de direitos humanos cometidas durante o período da ditadura militar. A criação da Comissão enfrenta forte resistência de setores simpáticos e saudosistas da ditadura. Para ajudar a contrapor essa resistência, um grupo de intelectuais encabeçado por Leonardo Boff, Emir Sader, Marilena Chauí e Fernando Morais está lançando um manifesto de artistas e intelectuais em apoio à Comissão da Verdade.

Ideal de ensino libertário continua contribuindo com aprendizagem

Defendo a educação desocultadora de verdades. Educando e educadores funcionando como sujeitos para desvendar o mundo”, dizia Freire

por Desirèe Luíse

Na busca do ideal de educação fundamentada na democracia e na tolerância, Paulo Freire fez história. Em pleno século XXI, a proposta do educador brasileiro está presente tanto no legado de suas obras como na atualidade de seu pensamento. Nesta segunda-feira (19/9), Paulo Freire completaria 90 anos. Comemorações do seu nascimento acontecem desde o início do ano em todo o país.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

"Guarda-chuva" de dom Paulo garantiu investigação sobre tortura

por João Peres e Virginia Toledo

Bater em cachorro trôpego não vale? Pode até valer, se o cachorro for sabidamente feroz e estiver ameaçando se levantar para novos ataques. Quando o projeto Brasil Nunca Mais foi criado, a ditadura encaminhava-se para o final, já dando seus tropeços, dentro da caserna o clima estava longe de ser harmônico, e da cabeça da advogada Eni Moreira não saía a memória de que é nestes momentos que as provas desaparecem. Quando o projeto chegou ao fim, a ditadura já tinha data marcada para ir embora, mas não os seus métodos de coerção, a herança de tortura que restaria a delegacias e corporações policiais de todo o país.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Para indigenista, Brasil esqueceu massacres de índios na ditadura

por Roldão Arruda

Para o indigenista Egydio Schwade, colaborador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Amazonas, o Brasil ainda não conhece com exatidão as violências que foram cometidas contra os índios brasileiros no período da ditadura militar. No final de agosto, em Brasília, ao participar do lançamento de um relatório sobre violências contra populações indígenas ocorridas em 2010, ele disse que a mídia, o governo e organizações de direitos humanos falam de torturas e violências contra opositores do regime militar, mas se esquecem que alguns povos foram inteiramente dizimados em decorrência da política integracionista dos militares.