Neste fim de semana completam-se 48 anos do golpe militar de 64. Diferentemente de outros anos, os militares já não falam sozinhos. E os ânimos estão exaltados. Militares reformados vieram a público deslegitimar o atual ministro da Defesa, Celso Amorim, e marcaram “festas” e atos para comemorar o golpe. Em declarações à imprensa, escancaram a verdadeira motivação: a insatisfação com a criação da Comissão da Verdade, que ainda não tem seus membros definidos e nem data para início de funcionamento.
Do outro lado, a sociedade organizada e movimentos de direitos humanos vão às ruas denunciar os torturadores e militares golpistas. Não deixam que comemorem o golpe em paz e impunemente. A possibilidade de investigação de crimes da ditadura é uma realidade próxima, mas que ainda tem que ser defendida para que de fato ocorra.
País terá, agora, cerca de dois meses para se defender; processo pode ainda ser enviado para a Corte Interamericana de Direitos Humanos
da redação Brasil de Fato
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA), abriu oficialmente um processo para investigar a não-punição dos responsáveis pelo assassinato do jornalista Vladimir Herzog em 1975. As autoridades brasileiras foram notificadas na segunda-feira (26).
A denúncia foi apresentada pelo Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL), pela Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos (FIDDH), Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo e Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo.
Terrível é o pensar. Eu penso tanto E me canso tanto com meu pensamento Que às vezes penso em não pensar jamais. Mas isto requer ser bem pensado Pois se penso demais Acabo despensando tudo que pensava antes E se não penso Fico pensando nisso o tempo todo.
A abertura será no sábado (31) e terá o lançamento de um livro e a apresentação de um documentário sobre o revolucionário
No sábado (31), acontecerá a abertura da exposição “Apolonio de Carvalho – A trajetória de um libertário”, às 13h no Memorial da Resistência de São Paulo. A exposição ficará na capital paulista até o dia 1º de julho.
Familiares e amigos de Apolonio de Carvalho estarão presentes na abertura da exposição e participarão de uma conversa sobre a trajetória do revolucionário que combateu pelas liberdades democráticas e conquistas sociais.
Na abertura, haverá, às 15h, o lançamento do livro “Uma vida de lutas”, escrito pela esposa de Apolonio de Carvalho, Renée France de Carvalho. Além da exibição do documentário “Vale a Pena Sonhar”, de Stela Grisotti e Rudi Böhm, às 16h.
Composto por coletivos políticos, grupos de teatro e sambistas, Cordão da Mentira questionará quem e quais são os interesses que bloqueiam uma real transformação da sociedade brasileira.
Será realizado neste domingo (1º), em São Paulo, o desfile do Cordão da Mentira. Composto por coletivos políticos, grupos de teatro e sambistas de diversos grupos e escolas da capital paulista, o Cordão da Mentira questionará quem e quais são os interesses que bloqueiam uma real transformação da sociedade brasileira.
O desfile ocorrerá no Dia da Mentira e do Golpe Militar de 1964. A concentração será às 11h30, na frente do Cemitério da Consolação.
O Ministério Público Federal (MPF) ingressou ontem (quarta, 14), com a primeira ação penal da história do país contra um militar acusado de praticar crimes durante a ditadura. O denunciado é um dos carrascos mais odiados por torturados, familiares dos desaparecidos políticos e militantes dos direitos humanos: o coronel da reserva do Exército, Sebastião Curió Rodrigues, comandante da última ação de repressão à Guerrilha do Araguaia, a chamada Operação Marajoara, deflagrada em outubro de 1973.
Na denúncia, apresentada à Justiça Federal de Marabá (PA), Curió é acusado de seqüestro qualificado dos guerrilheiros Maria Célia Corrêa (Rosinha), Hélio Luiz Navarro Magalhães (Edinho), Daniel Ribeiro Callado (Doca), Antônio de Pádua Costa (Piauí) e Telma Regina Cordeira Corrêa (Lia), ocorridos entre janeiro e setembro de 1974. Conforme depoimentos e informações colhidas pelo MPF, todos eles foram capturados pelas tropas comandadas pelo então major Curió, presos em bases do Exército e submetidos à tortura. E nunca mais foram encontrados.
Dramaturgo completaria 81 anos nesta sexta-feira (16)
da redação de Brasil de Fato
Diversas atividades celebrarão, a partir desta sexta-feira (16), o Dia Mundial do Teatro do Oprimido. A escolha da data é uma homenagem ao criador do Teatro do Oprimido, o carioca Augusto Boal, que completaria 81 anos em 2012.
Nascido em 16 de março de 1931, o diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta dedicou a vida e obra em favor das lutas sociais. Baseadas em uma estética preocupada com as questões políticas e sociais, as técnicas e práticas do dramaturgo foram difundidas em todo o mundo.
Trechos da entrevista do general Luiz Eduardo Rocha Paiva por Miriam Leitão.
Por que o senhor é contra a Comissão da Verdade?
Eu sou contra a Comissão da Verdade, agora não adianta ser contra. Ela vai existir. Era contra no momento em que ela pretende apurar a memória histórica do país. Isso é trabalho para pesquisadores e para historiadores e não para uma comissão, que eu vejo como uma comissão chapa branca. Ela busca a reconciliação nacional depois de 30 anos, e não há mais cisão nenhuma, que tenha ficado do regime militar, inclusive porque as Forças Armadas são instituições da mais alta credibilidade no país. Então, não vejo a necessidade. Acho que se há alguma coisa a investigar é só usar a Policia Federal e, com vontade política, a presidente tem autoridade pra ir até onde ela quiser, respeitada a Lei de Anistia. Eu fiz uma análise da lei da Comissão Nacional da Verdade. E eu vejo que essa lei não é imparcial. Esse facciosismo e o provável maniqueísmo do seu relatório a gente pode ver a partir dos objetivos.
Documentário produzido por cineasta portuguesa mostra a luta feminina durante o período militar
por Suzana Vier
Encarnación, Denise e Eduarda. Três mulheres fortes, da mesma família, símbolos da resistência feminina à ditadura dão voz, corpo e alma ao documentário “Repare Bem”, exibido na última semana na Cinemateca Brasileira, na capital paulista. “A mulher é esse ser capaz de lutar, resistir e transformar a vida para depois prosseguir. Não é só na ditadura, é em todas as dificuldades da vida”, enfatizou Denise Crispim, depois de receber o certificado de anistiada política brasileira – junto com a filha Eduarda.