Desaparecidos políticos: incinerados em forno de usina de açúcar
Em "Memórias de uma guerra suja", um depoimento a Rogério Medeiros e Marcelo Netto, o ex-delegado Cláudio Guerra, do DOPS afirma que 11 desaparecidos políticos brasileiros foram reduzidos a cinzas em 1973 num imenso forno da Usina Cambahyba, localizada no município fluminense de Campos. Seu proprietário, um anti-comunista radical, Heli Ribeiro, era amigo pessoal de Guerra.
As vítimas desse Auschwitz tropical, segundo o livro, seriam: João Batista e Joaquim Pires Cerveira, presos na Argentina pela equipe do delegado Fleury;– Ana Rosa Kucinsk e seu companheiro Wilson Silva, “a mulher apresentava marcas de mordidas pelo corpo, talvez por ter sido violentada sexualmente, e o jovem não tinha as unhas da mão direita”; – David Capistrano (“lhe haviam arrancado a mão direita”), João Massena Mello, José Roman e Luiz Ignácio Maranhão Filho, dirigentes históricos do PCB; – Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira e Eduardo Collier Filho, militantes da Ação Popular Marxista Leninista (APML).
Informado hoje sobre a versão, o irmão de Ana Rosa Kucinski, jornalista e escritor Bernardo Kucinski, não descarta a hipótese: “Nunca tinha ouvido antes, mas é verossímel: os precursores desse método foram os nazistas’, diz Bernardo, autor de um romance que leva o leitor a percorrer o outro lado igualmente cruel da tragédia: a labiríntica procura de um pai pela filha tragada no sorvedouro do aparato repressivo. “K”, lançado no ano passado pela Editora Expressão Popular, está na segunda edição com lançamentos previstos este ano na Inglaterra e Espanha.
Leia as resenhas de Flávio Aguiar, Marco Weissheimer e Eric Nepomuceno, publicadas em Carta Maior. Bernardo recebeu a notícia hoje quando se preparava para prestar um depoimento à Promotoria Pública sobre o desaparecimento da irmã; uma rotina de dor e busca pela verdade que se arrasta por quatro décadas.
Publicado originalmente em Conversa Afiada
Saiba mais sobre o assunto no site Memorias de uma guerra suja
Saiba mais sobre o livro "K." de Bernardo Kucinski
Pior é que no Brasil essa prática persiste. Temos que cuidar do passado e jamais esquecer do presente, senão o futuro já tá escrito com a mesma tinta sangrenta.
ResponderExcluirIsso mesmo Tonhão. E não devemos esquecer que os autores desses crimes estão livres e são homenageados com seus nomes em praças, ruas, avenidas, rodovias, elevados e pontes, quando quem deveria dar nomes a esses lugares públicos são os que lutaram pela liberdade de nosso povo.
ResponderExcluirA mais letal arma "nazista" é a manipulação da informação. O jogo que é feito para nos levar a acreditar que o mundo em que vivemos é o lugar que devemos aceitar passivos e dar graças por tudo que temos todos os dias de nossas vidas.
ResponderExcluirA desinformação é a grande arma dos nazistas, usada pra transformar o ingênuo no instrumento que desfere a bala.
ExcluirBoa noite. Sou a Isabella Pimentel. Primeira vez nesse site e já gostando do trabalho de vocês nessa empreitada tão difícil.
ResponderExcluirO que tenho a dizer sobre o assunto é que crimes de extermínio não poderiam jamais estar no amplo da anistia, essa brecha liberta a história da culpa por seus assassinatos em massa e torna a mente dos da direitona perdoada e confirmadamente na mesma equivalência inocente.
Bjs e garra sempre.
Bingo!!!!!!!
ResponderExcluirPode-se esconder a verdade por um "ruim" tempo, mas num "bom" tempo vem à tona.
Ops. Quero pedir desculpas pelo Bingo esfuziante. O assunto é sério. Gente incinerada não é motivo pra comemoração nunca. Apenas me empolgo quando certas atitudes de ditadores/nazistas saem das gavetas que eles acreditam estarem concretadas com a mais pura argamassa da hipocrísia.
ResponderExcluirsem apregoar nenhum ato de revolta e sim para constar, vale relembrar alguns versos de geraldo vandré...
ResponderExcluir... no dia que já vem vindo
que esse mundo vai virar...
... o dono senhor de tudo
sentado, mandando dar...
... a gente fazendo conta
pro dia que vai chegar...
... madeira de dar em doido
vai descer até quebrar...
... é a volta do cipó de arueira
no lombo de quem mandou dar...
BARTIRA NO COLETIVO ESTRUTURA PRO INDIVÍDUO