O protesto surgiu depois que uma placa foi instalada na Praça do Relógio, associando a tomada de poder dos militares em 1964 a uma Revolução
por Aline Scarso
Funcionários, professores e estudantes da USP (Universidade de São Paulo) realizaram um ato quinta-feira (06) na Praça do Relógio, no campus Butantã, em São Paulo. A manifestação chamada pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) será um espaço de discussão e reflexão sobre a ditadura.
O protesto surgiu depois que uma placa foi instalada na Praça do Relógio, onde será construído um monumento para lembrar o período em que o Brasil esteve sob o regime militar (1964-1985). Com os dizeres “Monumento em homenagem aos mortos e cassados pela Revolução de 1964”, a placa causou indignação em parte da comunidade acadêmica. A palavra Revolução foi riscada e substituída pelo termo Golpe. Diante das manifestações, na terça-feira (04) a Scopus Construtora, responsável pela obra, retirou a instalação.
“Uma discussão desse porte em uma universidade como a USP, que proporcionalmente é o local onde mais houve mortes na ditadura entre as instituições de ensino, não causa pouco impacto. Para uma universidade e um país que sofreu tanto com a ditadura, não dá pra ter um nível de desleixo desses, com a repercussão que tem a USP”, argumenta André Bof, militante da Ler-qi e integrante do movimento Juventude às Ruas.
Para ele, a placa é “quase uma exaltação ao que foi o processo do golpe” levado a cabo por civis e militares de direita. Ele chama a atenção que a decisão da construção do monumento, que simbolicamente interessa a toda a Universidade, não foi discutida nem mesmo nos fóruns burocráticos já consolidados.
“Foi uma decisão unilateral e política para implantar um monumento que fizesse referência à ditadura, mas sem o cuidado de entender com quem se dialoga. Uma ação imposta completamente de cima para baixo e, inclusive, por fora das instâncias de poder que já são anti-democráticas”, pontua.
O monumento irá custar R$ 89 mil e será financiado pela Petrobras. A obra é uma iniciativa da Reitoria e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e faz parte do projeto “Direito à Memória e à Verdade”.
Os trabalhadores da USP participam do Comitê pela Abertura dos Arquivos e Punição dos Torturadores, que tem lutado pela abertura dos arquivos da ditadura civil-militar e pela punição dos torturadores.
publicado originalmente em Brasil de Fato
Realmente um disparate já que o termo “revolução” é usado por militares que negam que tenha havido uma ditadura no país. A reitoria da USP disse que houve uma falha na confecção da placa. Tô sabendo. :>/
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