segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A resistência parlamentar à ditadura

A ditadura civil-militar, instalada no Brasil a partir de abril de 1964, fez questão de manter a aparência de democracia. Com o parlamento funcionando, apesar de algumas interrupções, havia a impressão de liberdade política no país. No entanto, as forças agrupadas em favor do retorno à democracia insistiam em dar demonstrações ostensivas da existência de um regime autoritário e de uma luta contra a ditadura. Cassações, prisões, torturas e assassinatos conviviam ao lado de uma aparente normalidade, uma vez que a ditadura insistia em negar a existência de presos políticos e afirmava que os desaparecidos nunca foram presos e nem estavam em seu poder.

O Parlamento em Brasília e nos Estados, mesmo amordaçado e mantido sob vigilância, contou com a presença de lutadores que denunciavam as atrocidades cometidas pela repressão e desafiavam a ditadura cobrando o paradeiro de desaparecidos, a exigência de tratamento humano aos presos políticos e o fim das torturas. No primeiro Sábado Resistente de 2012, o ex deputado Airton Soares lembrará a luta dentro do Parlamento, onde verdadeiros patriotas enfrentaram o arbítrio. Ao final da palestra e do debate, será prestada homenagem a Antonio Rezk, parlamentar que ousou desafiar a ditadura de dentro da estrutura do Estado usurpado.

PROGRAMAÇÃO:

14h
- Boas vindas - Katia Felipini - Coordenadora do Memorial da Resistência de São Paulo.
- Apresentação e Coordenação - Ivan Seixas - Presidente do Núcleo de Preservação da Memória Política.

14h15 às 15h30
- Palestra e debate com Airton Soares - Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo; Curso de Desenvolvimento Econômico da América Latina, Universidade de Harvard, EUA, 1967 e 1969; Advogado de presos políticos durante o regime militar. Deputado Federal entre os anos de 1975 e 1987. Integrou o MDB de 1970 a 1979, fazendo parte do “Grupo dos Autênticos” deste partido. De 1979 a 1985 integrou as filas do PT, filiando-se depois desta data ao PMDB.

16h
- Homenagem a Antonio Resk (1933 /2005) - Um dos fundadores do MHD (Movimento Humanismo e Democracia) em 1972, Antonio foi líder do então clandestino PCB e, abrigando-se no MDB, por esta sigla é eleito vereador neste mesmo ano, iniciando uma carreira política que se caracterizou pela dignidade e criatividade. A partir de 1978, foi eleito deputado estadual por duas legislaturas consecutivas. Estudioso das questões sociais escreveu o livro "A Revolução do Homem", editado em 2001, no qual estudou com pioneirismo a Antropologia Política. Foi presidente do Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos (IPSO) e primeiro vice-presidente da União Brasileira dos Escritores (UBE).

- Convidado especial: Luis Gonzaga Belluzo - economista e advogado.

- Projeção de vídeo especialmente realizado para esta ocasião.

- Lançamento do livro “Ruptura - Anomia na civilização do trabalho”, com textos de A. Rezk e organização de Marilucia Meireles e Marco Aurélio F. Velloso.

SERVIÇO:

Memorial da Resistência de São Paulo
Largo General Osório, 66 – Luz
Auditório Vitae – 5º andar
SÁBADO RESISTENTE
Dia 3 de março, das 14h às 17h30

Os Sábados Resistentes, promovidos pelo Memorial da Resistência de São Paulo e pelo Núcleo de Preservação da Memória Política, são um espaço de discussão entre militantes das causas libertárias, de ontem e de hoje, pesquisadores, estudantes e todos os interessados no debate sobre as lutas contra a repressão, em especial à resistência ao regime civil-militar implantado com o golpe de Estado de 1964. Os Sábados Resistentes têm como objetivo maior o aprofundamento dos conceitos de Liberdade, Igualdade e Democracia, fundamentais ao Ser Humano.

3 comentários:

  1. Ainda bem que nem tudo estava perdido no rol parlamentar, bravos os que ousaram desafiar a ditadura
    mesmo estando dentro do ninho usurpado.

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  2. Os que não resistiram à ditadura são os mesmos que hoje são contra a apuração e revelação dos responsáveis por esse passado tenebroso, o que é diretamente proporcional à força política ainda mantida por setores da classe dominante envolvidos com a repressão política. O passado destes setores é a fonte do medo à verdade. Eles foram parte da face civil da ditadura que com o restante estiveram envolvidos no mínimo com o financiamento do aparato repressivo e, evidentemente, usam todo seu poder para impedir que a verdade da tortura e assassinato políticos seja exposta para a nação.

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