sábado, 31 de março de 2012

Nada de festa: 64 foi golpe !

por Juliana Sada

Neste fim de semana completam-se 48 anos do golpe militar de 64. Diferentemente de outros anos, os militares já não falam sozinhos. E os ânimos estão exaltados. Militares reformados vieram a público deslegitimar o atual ministro da Defesa, Celso Amorim, e marcaram “festas” e atos para comemorar o golpe. Em declarações à imprensa, escancaram a verdadeira motivação: a insatisfação com a criação da Comissão da Verdade, que ainda não tem seus membros definidos e nem data para início de funcionamento.

Do outro lado, a sociedade organizada e movimentos de direitos humanos vão às ruas denunciar os torturadores e militares golpistas. Não deixam que comemorem o golpe em paz e impunemente. A possibilidade de investigação de crimes da ditadura é uma realidade próxima, mas que ainda tem que ser defendida para que de fato ocorra.

Por conta desse acirramento, a semana foi agitada. Segunda feira, em diversas cidades, torturadores acordaram sendo alvo de “esculachos” que os expuseram à sociedade. Na quinta-feira, manifestantes no Rio de Janeiro foram ao Clube Militar protestar contra oficiais que comemoravam a “revolução” de 64.

Em Campinas, no interior de São Paulo, o ato foi contra o lançamento de um livro sobre Garrastazu Médici, em um evento com a presença do filho do ex-presidente-ditador e organizado por militares da reserva.

Em São Paulo, a “comemoração” será hoje (sábado) em uma festa com o infeliz tema de “Viagem no Túnel do Tempo”, no Círculo Militar. Já no domingo vem a resposta, com o bem humorado “Cordão da mentira”: o bloco-passeata irá percorrer locais que tem relação com a ditadura, como a sede da TFP, o Elevado Costa e Silva e a antiga sede do DOPS.

Mais caldo

Além da Comissão da Verdade, outras iniciativas ameaçam a impunidade dos agentes da ditadura. O Ministério Público Federal tenta indiciar o Major Curió, que comandou o massacre da Guerrilha do Araguaia, por sequestro qualificado. Procuradores da República tentam levar adiante investigações sobre outros casos de desaparecimentos durante a ditadura. Como os corpos nunca foram encontrados, segue o crime de ocultação de cadáver, que não pode ser anistiado.

Dia 29 a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da OEA (Organização dos Estados Americanos), anunciou que investigará a morte do jornalista Vladimir Herzog, em 75, e cobrou explicações do governo brasileiro sobre o caso. O Brasil já foi condenado pela mesma instituição por não ter punido os responsáveis pelas mortes na Guerrilha do Araguaia.

Novos tempos

Apesar dos reclamos dos militares, o Brasil parece caminhar, mesmo que aos trancos e barrancos, rumo ao enfrentamento de seu passado. Entre os países da América Latina que passaram por regimes militares semelhantes, o Brasil é um dos poucos que ainda não realizaram uma ampla investigação dos crimes. Chamada de “revanchismo” pelos militares, a apuração dos crimes cometidos pelo Estado durante a ditadura é uma etapa fundamental para a consolidação da democracia. Afinal, a construção de uma nação deve ser feita sobre uma base sólida e isso implica em conhecer e esclarecer seu passado, sem sujeira debaixo do tapete.

do blog escrevinhador, de Rodrigo Vianna
foto: Denis Forigo

4 comentários:

  1. Nos indignar sim contra essas insanas comemorações do golpe de 64. Não podemos aceitar que o que aconteceu nesse ano e por mais de duas décadas seguintes continue sendo tratado em certos círculos militares e nos currículos escolares do pessoal das Forças Armadas totalmente inverso ao que realmente aconteceu. Foi um golpe militar, uma violação a Constituição, uma inversão de valores, nomeando um estado ditatorial como uma celebração da democracia e da liberdade.

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  2. Que bom ouvir outros sons que não sejam ecos !!!

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  3. só não entendo muito bem o poder dos militares reformados
    tem poder esse conjunto aí ???
    os caras encaram
    deslegitimam o poder da presidência
    fazem a festa
    será que é pra ser levado em consideração esse amontoado de veinho que bota fé que o passado é que era bom ???
    no ah que saudade ???
    será ???
    considerando a ação da colegada aí que se manifestou contra
    aí sim é atitude
    já os veinhos
    será que exercem poder ???
    tanta dúvida me deixa meio desnorteado
    kkkkkk

    Rodrigo Antunes

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