segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Brasileiro expõe em NY afronta à ditadura brasileira

por Verena Fornetti

O artista plástico Antonio Manuel, radicado no Rio de Janeiro, abre sua primeira exposição solo nos EUA. A mostra "Eu quero agir, não representar" reúne esculturas, vídeo, desenhos e uma série de intervenções em capas de jornais feitas durante a ditadura militar no Brasil.

A busca por liberdade política é o tema que permeia as obras - a maior parte do final dos anos 1960 ou início da década de 1970. "Naquela época ninguém queria expor em galeria ou em museu. Eu queria estar na rua", afirma Manuel.

Movido por esse impulso e influenciado pelo concretismo, Manuel desenvolveu cerca de 50 trabalhos a partir de capas de jornais diários. Esses trabalhos, que o artista chama de documentos, inspirou o nome da exibição.

Segundo ele, conseguiu acesso à oficina gráfica do jornal "O Dia", onde trabalhava, clandestinamente, com 12 operários. Reproduzia o logotipo da publicação em uma primeira página inventada, que misturava fatos do dia reinterpretados e com nova hierarquia a fotos de artistas de vanguarda e a manchetes com frases de impacto. "Eu substituia nas bancas o jornal de verdade pelo meu jornal. Os leitores confundiam", conta o artista.

A mostra fica aberta até o dia 10 de dezembro na American Society, em Nova York (680, Park Avenue).

2 comentários:

  1. Interessante demais a atuação de Antonio Manuel, com sua arte contestadora, sutil, conseguiu permanecer ativo em pleno sistema opressivo.

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  2. Grande Antonio Manuel. Já sabia sobre ele, numa obra de conteúdo semelhante a esta, que revelou notícias da repressão e passeatas de protesto a época da ditadura "repressão outra vez - eis o saldo", numa Bienal Internacional de SP.

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