Um avião das Forças Aéreas da Líbia caiu nesta quarta-feira depois que o piloto Abdessalam Attiyah al-Abdali e o co-piloto Ali Omar al-Kadhafi se ejetaram com para-quedas ao se recusarem a obedecer as ordens para bombardear a cidade de Benghazi.
O não cumprimento da ordem, além da atitude magnanima desses pilotos, é uma importante mostra que o ditador Muammar Kadafi está ficando quase sozinho (*) nessa sua investida sanguinária sobre a população.
Hoje mesmo, antes desse epsódio, oficiais do Exército líbio na zona de Al Jabal al Akhdar, no nordeste do país, anunciaram, em um vídeo divulgado pelas emissoras de televisão árabes Al Jazeera e Al Arabiya, que já fazem parte da revolução do povo.
"Nós, os oficiais e os soldados das forças armadas na zona de Al Jabal al Akhdar, anunciamos nossa união total à revolução popular", disse um porta-voz militar das Forças Armadas líbias na região. O porta-voz anunciou ainda o compromisso desses militares em trabalhar para proteger as instalações públicas e privadas na região.
O ministro do Interior líbio e general do Exército, Abdul Fatah Yunis, pediu demissão e motivou as Forças Armadas a se unirem ao povo em sua luta por legítimas reivindicações, informou a Al Jazeera.
Na segunda-feira, 21, dois pilotos, ambos com a patente de coronel, decolaram de uma base perto de Trípoli e pousaram em Malta, afirmando terem desertado após receberem ordens de atirar contra os manifestantes na capital líbia. Sendo que um dos dois pediu asilo político.
(*) Embora, diferente do Egito e da Tunísia, não são as forças militares que asseguram o poder na Líbia, e sim uma rede de brigadas paramilitares - seguidores fiéis, líderes tribais e mercenários estrangeiros. O Exército da Líbia é praticamente simbólico, com pouco mais de 40 mil homens mal armados e mal treinados. Propositadamente uma estratégia do ditador Muammar Kadafi, para não correr o risco de um golpe militar - forma como ele chegou ao poder em 1969.
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Kadafi governa com as mãos ensanguentadas
por Correa Neto
Desde que se falou que as revoltas que foram bem sucedidas na Tunísa e no Egito espalhar-se-ia pelo mundo árabe, sabia-se que quando esse surto de anseio de liberdade chegasse à Líbia as coisas iam ser mais difíceis, mais cruéis, mais desumanas.
O ditador líbio, coronel Muamar el Kadafi, 68 anos, é um homem violento na essência, está no poder por quase 42 anos, e governa com as mãos ensanguentadas, desde 1 de Setembro de 1969, quando liderou uma revolução e depôs o velho rei Idris I, 91 anos, que estava há 18 anos no trono.
Logo após a tomada do poder Kadafi exigiu e obteve a retirada americana e inglesa de bases militares e expulsou as comunidades judaicas.
Nos anos 90 passou a ser o vilão do planeta por financiar toda a espécie de terrorismo contra americanos e seus aliados, principalmente contra Israel.
Entre as proezas de financiamento terroristas de Kadafi, estão o “atentado de Lockerbie” quando uma bomba explodiu no voo 103 da Pan Am em 21 de dezembro de 1988, quando sobrevoava a cidade escocesa de Lockerbie, matando 270 pessoas (259 no avião e 11 na terra). Entre os mortos 189 eram cidadãos americanos.
Também financiou e apoiou o grupo terrorista conhecido como Setembro Negro responsável pelo massacre de Munique, onde 11 atletas israelenses foram assassinados durante as Olimpíadas de 1972.
Nos últimos 11 anos, por ter adotado uma política externa sem agressões diretas, começou a ser aceito lentamente pela comunidade internacional. Havia ficado livre das sanções que lhe haviam sido impostas tanto pela ONU, quanto pelos Estados Unidos.
Agora Kadafi sente o hálito da multidão no seu cangote autoritário e reage como um leão enfurecido.
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Depoimentos de moradores do leste da Líbia
"26 pessoas, incluindo meu irmão, foram mortos a tiros durante a noite por simpatizantes de Kadafi"
“Eles atiram em você apenas por andar nas ruas.”
"Manifestantes foram atacados com tanques e aviões de guerra."
“Foi uma quantia obscena de tiros.”
“Eles metralhavam as pessoas que corriam em todas as direções.”
“O tiroteio não foi concebido para dispersar os manifestantes, ele foi utilizado para matá-los.”
“Há mortos nas ruas, você não pode mesmo buscá-los.”
“Estão atirando em todo mundo. Isso não impediu as pessoas de continuar.”
"O derramamento de sangue em Tripoli apenas redobrou a determinação dos manifestantes"
“Ele nunca vai abandonar seu poder.”
“Este é um ditador, um imperador. Ele vai morrer num estalar de dedos. Já não estamos com medo. Estamos prontos para morrer depois do que vimos.”
A Human Rights Watch afirmou que 62 pessoas morreram nos confrontos em Trípoli nos últimos dois dias, somando-se à conta anterior de 233 mortos.
A chefe dos direitos humanos da ONU, Navi Pillay, afirmou que a matança poderá ser considerada crime contra a humanidade.
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Muammar Abu Minyar al-Gaddafi (Kadafi)
O nome do ditador líbio é escrito de várias maneiras diferentes devido a dificuldades da transliteração da língua árabe e também da pronúncia regional da Líbia. As muitas ortografias possíveis no alfabeto latino são: Muammar al-Khaddafi, Moammar Gadhafi, Muammar al-Qadhafi, Mu'ammar Al-Qadhafi, Muammar al-Khadafi ou simplesmente Kadafi. O ditador líbio parece preferir Moammar El-Gadhafi, Muammar Gadafi ou al-Gathafi.
A atitude desses militares que se recusaram a atirar contra o próprio povo me deixa com um gosto tão delicado na boca, um som tão encantador nos ouvidos, uma visão tão sublime, que até passo a acreditar que esse mundo é realmente maravilhoso para se viver.
ResponderExcluirSabe, gente, eu chorei emocionadão quando soube desse fato hoje a tarde. E agora de novo aqui. Poxa.
ResponderExcluirE que sempre tive uma impressão tão péssima de militar e agora, esses meninos nessa atitude tão digna, não matando o próprio povo, não cumprindo ordens abjetas, tá louco, viu. É maravilhoso.
No Egito aconteceu a mesma coisa. O exército falou que não ia atirar contra seu próprio povo.
É isso que a Marcela falou mesmo... Acho que dá até pra acreditar sim que esse mundo começa a valer a pena.
Tomara, tomara, tomara...
Abração galera
Afonso e Marcela
ResponderExcluirEu também fiquei assim, meio abobalhada, feliz, uma sensação gostosa que há tempo não sentia em ouvir o noticiário.
Lamento os mortos da Líbia, muitos pela própria força armada, mas agora ela está consciente de que lado deve ficar. Que bom, meu Deus, que bom.
Que caiam todos os ditadores desse mundo. Liberdade para todos.
Talvez sirva de exemplo a todos, que a função da polícia, de qualquer força armada, não é a de atacar o seu próprio povo.
ResponderExcluirE lembrar que em março 2010 a polícia de são paulo desceu o cacete nos professores da rede estadual que se manifestavam reivindicando reajuste salarial...
É, mas a coisa está muito, mas muito, feia por lá.
ResponderExcluirAcabei de saber que deserções continuam entre os militares, mas está resultando que, na capital, segundo fontes ligadas ao Exército citadas pelo jornal El País, 17 pilotos da Força Aérea teriam sido executados por se recusarem a bombardear a cidade de Zawia.
Kadafi sanguinário que precisa da ajuda de mercenários para se manter no poder.
ResponderExcluirMRC
Oito embaixadores e outros diplomatas líbios renunciaram em protesto contra a repressão às manifestações antigoverno que acontecem no país.
ResponderExcluirO que está acontecendo na Líbia é um massacre, as pessoas estão morrendo.
Já o embaixador da Líbia no Brasil, Salem Ezubedi, afirmou que permanecerá no cargo e não se unirá aos outros, alegando: "O abandono do cumprimento da minha responsabilidade seria uma traição com meu país, o que não é aceito pela minha cultura, meu caráter e mancharia a honra da minha família".
Sem comentários...
Aproveito esse espaço para divulgar este panfleto:
ResponderExcluirAs forças armadas da Líbia estão usando metralhadoras e aviões de guerra contra manifestantes pró-democracia -- centenas de pessoas foram mortas e sem uma ação internacional imediata a situação poderá virar uma tragédia ainda maior.
O Conselho de Segurança da ONU está tendo reuniões de emergência sobre a Líbia agora mesmo. Se nós conseguirmos pressioná-los a bloquearem o tráfego aéreo sobre a Líbia, congelar as contas do Kadafi e seus generais, implementarem sanções direcionadas ao regime e abrir processos em cortes internacionais contra os militares envolvidos na repressão -- poderemos impedir os bombardeamento aéreo e dividir a hierarquia de comando do Kadafi.
Nós não temos tempo a perder -- o povo da Líbia está sendo massacrado pelo seu próprio governo. Clique no link para enviar uma mensagem diretamente para as delegações do Conselho de Segurança da ONU, pedindo o fim da violência. Depois, compartilhe esta campanha com todo mundo -- vamos inundar a ONU com mensagens:
http://www.avaaz.org/po/libya_stop_the_crackdown_eu/?vl
Obrigada !
Eunice Lopes
Esses pilotos exerceram a Não Servidão Voluntária. Reagiram e se libertaram dos grilhões.
ResponderExcluirMAX DANIEL
Maldito seja o soldado que ergue as armas contra seu próprio povo (Simon Bolívar).
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