Nos últimos 25 anos, 1.614 pessoas foram assassinadas no Brasil em decorrência de conflitos no campo. Até hoje, apenas 91 casos foram julgados - e resultaram na condenação de 21 mandantes e 72 executores. Isso significa que a Justiça no Brasil levou às grades um criminoso para cada 17 pessoas assassinadas em todos esses anos.
O levantamento, feito pela reportagem de CartaCapital com base em números fornecidos pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), indica a situção de impunidade existente no País, que, na última terça-feira 24, testemunhou a morte anunciada meses antes de duas lideranças ambientais após uma emboscada no Pará. Os números contabilizados se referem aos crimes ocorridos entre 1985 e 2010.
A maioria das vítimas é de lideranças locais, assentados e quilombolas. Entre elas estão personalidades que se tornaram símbolos da resistência ambientalista, como o seringueiro Chico Mendes e a missionária Dorothy Stang.
Somente na última década, 376 pessoas foram assassinadas em decorrência de conflitos no campo motivados denúncias como desmatamento e assentamentos. O Pará é, disparado, o recordista de ocorrências: entre 1985 e 2010 foram registrados 408 casos (cerca de 35% dos incidentes no Brasil), com 621 vítimas, de acordo com a CPT. Destes casos, apenas 15 tiveram julgamentos, com 11 mandantes e 13 executores condenados. Hoje, porém, apenas o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, que encomendou a morte da missionária americana Dorothy Stang em 2005, está preso por estes crimes.
Suspeito de ser o mentor do crime, Regivaldo Pereira Galvão foi condenado a 30 anos de prisão, mas aguarda o recurso apresentado em sua defesa em liberdade. O pistoleiro Rayfran das Neves Sales, condenado a 28 anos de prisão, acusado de ser o executor do assassinato, cumpre pena em regime semi-aberto desde 2010.
História que se repete
O assassinato dos extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva são os mais recentes casos de ocorrências envolvendo conflitos de terra no estado. O casal foi alvejado em Nova Ipixuna, a 390 quilômetros de Belém, região onde vivia há 24 anos.
Integrantes do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, organização criada pelo ambientalista Chico Mendes – morto em 1988 pelo fazendeiro Darly Alves da Silva e seu filho, Derli -, defendiam o manejo sustentável da floresta, denunciando extração ilegal de madeira, desmatamento e carvoarias ilegais.
Ameaças
Há cerca de um mês, um grupo suspeito teria invadido a propriedade do casal e disparado tiros para o alto e contra animais. Além disso, em um vídeo de novembro de 2010, gravado durante uma palestra sobre a preservação da floresta amazônica, José Cláudio afirmou que sofria ameaças.
“A mesma coisa que fizeram no Acre com Chico Mendes querem fazer comigo. A mesma coisa que fizeram com a Irmã Dorothy querem fazer comigo. Eu estou aqui conversando com vocês, daqui um mês vocês podem saber a notícia que eu desapareci. Me perguntam: tenho medo? Tenho, sou ser humano, mas o meu medo não me cala. Enquanto eu tiver força pra andar eu estarei denunciando aquele que prejudica a floresta”, disse.
Em contato com CartaCapital, o procurador da República em Marabá responsável pelo caso, Tiago Modesto Rabelo, afirmou, na quarta-feira 25, que José Cláudio e Maria do Espírito Santo não registraram nenhuma ocorrência relatando ameaças no Ministério Público Federal.
Publicado originalmente em CartaCapital
Leia também: Terra sem lei
Desde menino vejo/ouço esse assunto em pauta em vários artigos e fica só nisso. Desmatamento = morte da floresta e dos seres que nela habitam. Impunidade = lei vigente no Brasil.
ResponderExcluirAnônimo de novo... kkkkkkkk
Marcos
Imagens diferentes, mas igualmente desoladoras. De um lado, a floresta devastada e as vidas ceifadas à bala, do outro a tal da “casa do povo”, repleta de gente que representa, no mais das vezes, os interesses escusos de quem lhes enche o bolso. Pátria? País? Desenvolvimento? Progresso? Bobagem! A máxima que impera é do conhecido personagem de Chico Anísio, o deputado Justo Veríssimo: eu quero é me arrumar!
ResponderExcluirleia mais em:
http://fodenko.wordpress.com/2011/05/26/codigo-florestal-destricao-aprovada-o-que-fazer/
(SILVIO: anônimo sem opção)
Amigos e Amigas queridos...
ResponderExcluirMais uma vez pedimos desculpas por transtornos ocorridos no Blogger. Esse impedimento de fazer login está acontecendo em vários outros blogs, o que indica que mais uma vez é problema com o serviço Google.
Até isso se ajeitar, postem como anônimos mesmo, reconhecemos vocês da mesma maneira. rs
Abraços a todas e todos.
Já que é assim, fazer o que. Parar de falar pq meu nome não ficará em evidência, jamais.
ResponderExcluirEste espaço, mesmo sendo de vcs, é como minha sala onde recebo meus amigos e trocamos idéias.
Desce mais uma aí? hehehehehehe
SILVIO, o anônimo fiel